Parnaso de Além Túmulo

quinta-feira, 14 de agosto de 2014
                                  

   Parnaso de Além Túmulo é uma obra espírita que reúne poesias psicografadas por Chico Xavier de poetas mortos. É considerada a primeira obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e foi lançada em julho de 1932 pela Federação Espírita Brasileira. Membros da Academia Brasileira de Letras, poetas, críticos literários e até psiquiatras fomentaram a repercussão da obra com suas análises positivas e negativas.
  Até hoje Parnaso de Além Túmulo causa polêmica por supostamente representar uma prova da teoria espírita de vida além-túmulo, bem como da possibilidade de comunicação entre os vivos e os desencarnados. No âmbito da literatura, tal obra representa um desafio no que tange à definição de criação e autoria pela qualidade da obra literária, escrita com considerável inteligência linguística no domínio de variados estilos literários.
   
   No prólogo do livro, encontramos: "Mas, perguntarão: -quem é Francisco Cândido Xavier? Será um rapaz culto, um bacharel formado, um acadêmico, um rotulado desses que por aí vão felicitando a família, a pátria e a humanidade? Nada Disso. O médium polígrafo Xavier é um rapaz de 21 anos, um quase adolescente, nascido ali assim em Pedro Leopoldo, pequeno rincão do Estado de Minas. Filho de pais pobres, não pôde ir além do curso primário..."
                     

      Salienta-se que Chico Xavier só estudou até a quarta série do ensino fundamental, e na época do lançamento do livro trabalhava das sete horas da manhã até às oito horas da noite como caixeiro de um armazém em Uberaba. Ele não teve acesso à leitura das obras literárias dos poetas que psicografou nem tampouco conhecimento de recursos poéticos e figuras de linguagem para desenvolver tantos versos ricos. O modesto conhecimento que adquiriu no ensino fundamental não era o suficiente para fazer de Chico um intelectual de poesia nem tampouco um plagiador de obras que nem conhecera.
      Como o início da obra afirma, os versos de Parnaso de Além Túmulo não nasceram de uma ideação prévia nem de encadeamentos de raciocínios ou fixação de imagens como os versos costumam nascer, visto que "é tudo inesperado, explosivo, torrencial!"
      O termo "Parnaso" significa "reunião de poesias". Logo, a obra é feita de uma coletânea de poesias de além túmulo. O jornalista Manuel Quintão ao ler as poesias psicografadas por Chico Xavier afirmou: "Romantismo, Condoreirismo, Parnasianismo, Simbolismo, aí se ostentam em louçanias de sons e de cores, para afirmar não mais subjetiva, mas objetivamente, a sobrevivência de seus intérpretes. É ler Casimiro e reviver 'Primaveras'; é recitar Castro Alves e sentir 'Espumas Flutuantes'; é declamar Junqueiro e lembrar a 'Morte de D. João'; é frasear Augusto dos Anjos e evocar 'Eu'."

     
      Eu li, amei e recomendo! Quem alguma vez já leu os poemas dos poetas desencarnados reconhecerá o estilo deles. É a voz deles que continua fazendo versos do outro lado, almas poéticas que ecoam pela eternidade...
      Emocionei-me ao ler um Augusto Dos Anjos menos sombrio, poetas intelectuais e admirados proclamando a beleza do espírito e a finitude da matéria ilusória. Poetas que conheceram as mais belas paisagens e os mais belos perfumes... Outros que passaram por imensas dores e provas pelos erros que cometeram nessa vida.
     Antero de Quental, por exemplo, desencarnou por suicídio em 1891. Destacado nas letras portuguesas pelo espírito filosófico, ele sofreu muito no além-túmulo pelo suicídio que cometera.

"Apenas dor no mundo inteiro eu via,
E tanto a vi, amarga e inconsolável,
Que num véu de tristeza impenetrável
Multiplicava as dores que eu sofria."

Primeira estrofe de "Depois da morte"
poema de Antero psicografado por Chico.
 
   Uma obra de arte com belíssima. Toca a alma! Quem gosta de poesia e espiritualidade não pode perder.

"O objetivo essencial da arte é a busca e a realização da beleza; é, ao mesmo tempo, a busca de Deus, uma vez que Deus é a fonte primeira e a realização da beleza física e moral."
   Léon Denis em "O Espiritismo e a Arte".

Uma semana cheia de luz para todos!

Abraços,

Taty Casarino.





    

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