Poeta Cruz e Souza

quinta-feira, 31 de julho de 2014
                             

  
   Nascido em 24 de Novembro de 1861 em Santa Catarina, Cruz e Souza costumava escrever os seus versos identificando-se como Dante Negro ou Cisne Negro. Seu legado influenciou a introdução da poesia simbolista no Brasil, sendo um dos principais precursores do simbolismo.
    João da Cruz e Souza era filho de escravos alforriados, mas teve a oportunidade de receber uma educação refinada desde pequeno através de seu tutor, o Marechal Guilherme Xavier de Souza (por isso o poeta também tem o nome Souza).  O Marechal e sua esposa não tinham filhos, motivo pelo qual resolveram cuidar e proteger da educação de João. O poeta aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Muller, recebendo aulas de matemática e ciências naturais.
     Cruz e Souza combateu o preconceito racial e a escravidão quando dirigiu o Jornal Tribunal Popular em 1881. Ele também fora vítima de racismo e injustiça, tendo em vista que foi recusado como promotor em Laguna simplesmente por ser negro.
      Seu primeiro livro, Tropos e Fantasias, foi lançado em 1885 em parceira com Virgílio Várzea. Após cinco anos foi para o Rio de Janeiro, trabalhando como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil ao mesmo tempo em que colaborava com o jornal Folha Popular.
      No início de 1893,  ele publica Missal, uma prosa poética baudelairiana (assim chamada pela influência de Charles Baudelaire, poeta simbolista francês). Alguns meses depois, neste mesmo ano, publica Broquéis (poesia), o que ensejou o início do simbolismo no Brasil. No final de 1893, casa-se com Gavita Gonçalves, mulher que também era negra. Com ela, teve quatro filhos, porém todos foram mortos de forma precoce devido à tuberculose, o que levou o poeta à loucura.

      *Características dos poemas de Cruz e Souza:
            
      *Musicalidade
      *Aliterações (figura de linguagem que consiste em repetir sons consonantais idênticos ou semelhantes no início de palavras de uma frase ou de versos da poesia para criar sonoridade).
      
    Exemplo:
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
 Violões que choram de Cruz e Souza.
   
   *Individualismo (poema centrado no indivíduo, versos com símbolos subjetivos, a defesa da liberdade individual).

    *Sensualismo ( a percepção das sensações do indivíduo e, consequentemente, a sensualidade também).

Exemplo:
Sentimentos carnais, esses que agitam
Todo o teu ser e o tornam convulsivo...
Sentimentos indômitos que gritam
Na febre intensa de um desejo altivo.
Primeira estrofe do poema "Sentimentos Carnais" de Cruz e Souza em Broquéis.

*Por que Cruz e Souza é um dos meus poetas favoritos?

Admiro Cruz e Souza pela forma como ele trabalha com os símbolos de forma erudita, refinada e muito bela. Ele coordena as palavras com maestria, vestindo seus poemas de uma beleza rara e, por mais que sejam profundos, e, por vezes, sombrios, este poeta consegue extrair beleza até mesmo do mal. Toda pessoa tem um lado oculto, afinal não somos perfeitos ou totalmente "bonzinhos", e Cruz e Souza não faz mal a ninguém com suas sombras, ele canaliza seu lado sombrio para os versos, exorcizando-o através da luz e do bem de sua poesia.  

Alguns dizem que ele, por ser negro e ter sofrido preconceito, desejava ser branco e por isso tinha fascinação em retratar a cor branca na poesia. Vejam esses versos:

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...

     Eu já penso diferente, Cruz e Souza defendia o direito dos negros e tinha orgulho em ser negro. A cor "branca" de sua poesia nada mais é do que símbolo da luz, já que ele é simbolista e nenhum de seus versos deve ser interpretado de forma puramente literal, mas visto sob as metáforas, símbolos e múltiplos significados de cada palavra.
   Acredito que seus versos falam da luz espiritual que dissipa as "sombras" dos nossos dias. Nada tem a ver com cor de pele, mas sim com elementos espiritais. Também gosto muito de Cruz e Souza justamente por ele ser um dos principais poetas a representar a espiritualidade em versos.

Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.

Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, sodas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.

Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rime clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
Algumas estrofes do poema Antífona de Cruz e Souza em Broquéis.

Espero que tenham gostado dessa postagem que faz referência e homenagem a um dos meus poetas favoritos: Cruz e Souza.

 Vou deixar ao final da postagem um vídeo-poema que eu fiz. Este poema que escrevi chama-se "Sob teu manto" e retrata a busca espiritual a fim de curar a dor, a angústia e as nossas sombras. O culto a Santa Mãe De Deus e a influência cristã também são retratados.

 

Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=vEnlZXurTA8

Link do meu canal no YouTube: https://www.youtube.com/user/tatycasarino

Uma ótima semana a todos! :)

Abraços!

Taty Casarino.

http://tatycasarino.blogspot.com.br/
 


   

  

Como interpretar poesia?

quinta-feira, 24 de julho de 2014
    

    Olá, pessoal. Nessa postagem, pretendo abordar qual a melhor forma de ler poesia. Diferentemente da prosa, onde a linguagem é mais direta ainda que venha com toques poéticos, a poesia tem uma dinâmica diferente, visto que é repleta de metáforas, símbolos e possui uma linguagem mais artística, subjetiva e peculiar. Portanto, para ler poesia é preciso contemplar as palavras como se contempla uma pintura, interpretando os símbolos e as metáforas por trás dos versos. Quem lê poesia de modo rápido e apenas passa os olhos não consegue entender, e pode deixar de gostar de poesia, pensando ser uma "loucura" sem sentido( hehehe). Na verdade, talvez ela seja uma loucura mesmo, mas uma loucura com sentido. Pronto para descobrir o sentido?
    Para os olhares mais atentos e que conseguem decifrar o que há por baixo da superfície, é prazeroso identificar-se com os sentimentos e reflexões expostos artisticamente e a poesia passa a ser uma interessante viagem no interior da alma e no mundo dos símbolos.
         
                 

    Um exemplo fácil para compreender o mundo da poesia, o qual recria a realidade através de palavras que levam a um mundo de sonhos, é o da obra "Alice no País Das Maravilhas". O País das Maravilhas de Alice nada mais é do que o mundo "astral" (como diriam os artistas com uma veia mística) dela ou o reflexo da realidade numa linguagem criada pelo interior de sua alma.
    Todo o universo onírico da poesia que induz ao sonho e à fantasia requer um espírito de criança para ser sentido e uma mente curiosa de adulto para ser decifrado. Quando for ler uma poesia, permita-se mergulhar num mundo onde tudo é possível, abra a sua imaginação, esqueça os dogmas da realidade palpável que você conhece onde tudo é tão exato e baixe a guarda da zona de segurança do mundo da praticidade para sentir o doce prazer da "loucura".
      Quando digo loucura, quero dizer uma loucura saudável que leva a sua mente ao infinito, compreendendo melhor seu íntimo e permitindo à sua alma se desprender da razão para que ela respire novos ares. Talvez após a leitura, quando você retornar dessa viagem, você poderá, inclusive, compreender melhor a realidade palpável do aqui e do agora tendo mais forças para enfrentar os obstáculos da vida, interessante, não é?
         

   Então, liberte-se das amarras sociais, dogmáticas ou da realidade que um dia colocaram em sua alma e deixe-a voar no infinito desse universo onírico. Decifrar símbolos poéticos é como ser um desbravador, um investigador, um "Sherlock Holmes". E aí topa embarcar nessa aventura que é a de interpretar poesia?
                   

   Um dos elementos mais presentes na poesia é a metáfora. A metáfora é uma comparação implícita, pois não utiliza a conjunção comparativa "como". Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver", verso de Camões. Ele comparou Amor e fogo, mas não falou "Amor é como o fogo", ele já escreveu o amor é fogo. E, este fogo do poema tem sentido figurado de fervor, paixão, excitação, entusiasmo e até mesmo outros sentimentos passionais, inclusive o sofrimento, que "ardem" na alma como o fogo que conhecemos, o qual provém de combustão de materiais infláveis e possui luz e calor.

  Por fim, vale citar uma cena do filme "Um príncipe em minha vida", onde o príncipe está tentando ensinar sobre literatura e poesia à personagem do filme numa lavanderia, e o diálogo se desenrola.

"É enrolação, não faço ideia do que ele disse"--Ela diz se referindo à poesia lida pelo príncipe.
"Ele está dizendo que o amor é mágico e que faz com que todas as pessoas se olhem de forma pura, sem julgamentos."--Ele responde.
"Por que ele não fala logo? Por que as pessoas não podem falar o que penam?"
"Raramente dizem o que pensam. Essa é a parte interessante: entender o que está acontecendo abaixo da superfície."

Confiram a cena:



Nas próximas postagens, trarei mais dicas de interpretação de poesia e também comentarei figuras de linguagem. :)

Excelente semana a todos!

Abraços!

Taty Casarino

    

O que é poesia?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

  A poesia faz parte de um gênero literário conhecido pela composição em versos de modo estruturado e harmonioso, sendo considerada uma arte e uma manifestação de beleza através das palavras. Nisto, vale citar a famosa frase de Edgar Allan Poe: "a poesia é a criação rítmica da beleza em palavras."
 

  Em sentido figurado, a poesia também é tudo aquilo que comove, despertando sentimentos, inspirando e encantando através do sublime e do belo. Há elementos formais que compõem um texto poético: o ritmo, os versos e as estrofes, os quais definirão a métrica de uma poesia. A métrica é caracterizada pela utilização de recursos literários específicos que diferenciam o estilo de um poeta.
  Entretanto, após o modernismo, o autor passou a ter mais liberdade para definir seu próprio ritmo e criar as suas próprias normas. Nesse contexto, encontram-se em diversas poesias os versos livres, os quais não seguem métrica. O autor também possui autonomia para compor um texto poético não constituído por versos, caracterizando a poesia em prosa, desde que produza harmonia, ritmo e transmita o elemento emotivo inspirador.
  A rima, um dos elementos mais conhecidos da poesia, consiste numa homofonia externa constante da repetição da última vogal tônica do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem. Salienta-se que a palavra "homofonia" vem do grego antigo e significa "mesmo som".

   Eis abaixo um exemplo de rima interpolada ou intercalada, onde o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro:

"Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco."*

*Psicologia de um vencido de Augusto dos Anjos.

Este tipo de rima é frequentemente usada em sonetos.

 Dentre outros tipos de rimas classificados pela língua portuguesa, cabe ressaltar a existência dos versos brancos ou soltos, ou seja, aqueles que não possuem rima. Eis abaixo um exemplo de versos brancos:

"A rosa com cirrose,
a anti-rosa atômica.
Sem cor, sem perfume,
sem rosa, sem nada."*

*Rosa de Hiroshima de Vinícius de Moraes.



  Outro recurso bastante interessante presente na poesia é a "licença poética". Esta consiste em permitir incorreções de linguagem na poesia a fim de que o escritor tenha a liberdade de manipular as palavras, transmitindo seus pensamentos e sentimentos ao leitor. Sendo assim, na poesia é permitido extrapolar o uso da norma culta da língua portuguesa para aproximar a linguagem poética ao cotidiano e também para utilizar figuras de estilo que possam assumir o caráter "fingidor" da poesia, de acordo com a famosa máxima de Fernando Pessoa: "o poeta é um fingidor".

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente."

 Segundo Pessoa, por mais que uma poesia seja inspirada num sentimento do poeta, há nos versos uma dor que só a própria poesia sente. Nisto, vale citar o artista Pablo Picasso: "A arte é a mentira que nos faz compreender a verdade".

  O que é mais admirável na poesia é a capacidade que ela tem de tocar a alma humana. A força das palavras combinada à emoção resulta na empatia ilimitada entre o poeta e o leitor, pois, muitas vezes, o poeta torna-se um porta-voz de sentimentos que muitos não conseguem expressar. Por isso, Mário Quintana disse: "Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e não a gente a ele."
 Ao escutarmos uma música cuja letra nos identificamos ou ao lermos uma poesia que se assemelha ao que já sentimos, sentimos um profundo alívio de compreensão, porque sabemos que em algum canto alguém já se sentiu como nós ou alguém já relatou um determinado sentimento que julgávamos ser apenas nosso, guardado e incompreendido nos recantos menos visitados as alma.
  Esta é a principal tarefa do poeta: tocar a alma humana, curando seus sentimentos incompreendidos e libertando o ser humano do peso social de ser sempre forte e não admitir os sentimentos por medo de não ser aceito num mundo que preza sempre a praticidade, a racionalidade e a materialidade.
  Para os olhos estritamente práticos, pode ser que a poesia não tenha finalidade útil. Ou que a arte seja mera "perfumaria". Para os olhares mais sensíveis e que conseguem captar a vida com mais profundidade, a poesia tem uma função  importante e rara: a libertação da alma humana através da empatia e o desenvolvimento psíquico em busca da felicidade em ser aquilo que é.
  Em mundo tão materialista como o nosso que preza pelo culto ao corpo, onde as emoções são tão subestimadas e em um mundo onde as aparência prevalecem sobre os sentimentos sobre as verdades, a poesia, sem exagero, pode ter um papel libertador. Libertador, porque, sem sobra de dúvidas, lembra-nos de algo que habita por baixo de toda a carne, que chora,  sorri, se encanta, sofre e que nos faz levantar todos os dias com a esperança de trabalhar por algo melhor: a alma humana.
  Que efeitos maravilhosos a poesia pode ter sobre a sociedade, pois assim que ela traz mais empatia e sentimento, as pessoas passam a respeitar mais umas às outras, a ter mais consideração pelo sentimento alheio, e nada é mais útil à sociedade que trazer conhecimento e valores como a poesia consegue trazer.
   Escrevi uma poesia para retratar a criação poética, a qual consegue "descrever" por meio dos versos os sentimentos, os quais são invisíveis e até então indescritíveis dentro da alma do poeta. Este poema que escrevi se chama "Operação Poética":

Operação poética

 Eis que o vento clama
por folhas que levitam
os versos do poeta.

De uma imagem,
brota um sentimento
belo, mágico e eterno
dentro da alma.

Se o filósofo é parteiro de ideias,
como eternizou o sábio Sócrates,
então o poeta é parteiro de sentimentos.

A caneta é o bisturi,
que rasga o papel
para tatuar o sentimento
que a alma do poeta abriga.

Eis então a simbiose
Formada entre poeta e papel,
o qual passa a ser,
quase sem querer,
o raio-x de sua alma.

Descarga elétrica:
é assim a inspiração.
Vem, repentinamente,
quando o poeta menos espera.

E, atacado pela surpresa
do som dos anjos inspiradores,
o poeta parte para mais uma operação.

O papel é o seu suporte,
e, a caneta, sua varinha de condão,
a qual faz as mágicas de escrever
os versos transportados do coração.

Todo poeta precisa ser mágico
para transformar sentimentos indescritíveis
em versos rimados ou livres.

A inspiração é uma poção secreta
de fórmula desconhecida
que chega, de repente,
para trazer vida a uma nova poesia.

Para ser poeta, é preciso ter:
um coração cheio de sentimentos,
uma alma ultrassensível,
além da habilidade mágica
de descrever o indescritível.

Tatyana A. F Casarino

 Recitei este poema de minha autoria no sarau poético do livro de uma poeta que sou fã: a Ruth Farias Larré.
  Deixo aqui ao final da postagem uma dica do livro de poesias da Ruth que eu recomendo a leitura: Receita de homem e outros poemas.



Os poemas dela têm uma simplicidade e suavidade incríveis, e suas palavras parecem bailar como disse Antônio Augusto Ferreita, advogado e poeta.

"Ruth escreve como quem dança. Seu verso pega ritmo, baila, levita, como na incomparável magia de dançar. Com Ruth, o poema flui, é como canoa que nos leva juntos através do mar, do amor, da vida." Antônio Augusto Ferreira.

 Confira abaixo o poema de Ruth que inspirou o título do livro que reúne seus poemas:

Receita de Homem

As muito feias que me perdoem,
Mas beleza é fundamental.
(Vinicius de Moraes - "Receita de mulher")



Os muito rudes que me perdoem,
mas ternura é fundamental.
É preciso que haja sempre algo de amor em tudo isso.
É preciso que, ao apear em nosso território,
o homem traga os peçuelos pesados de carinho.
Que chegue ousado, pra tomar posse,
mas ciente de que nunca será senhor absoluto.
É preciso, é absolutamente preciso
que o macho seja homem.
Que venha como quem chega ao mais belo campo de batalha
e aceite, na luta, ser dominador e dominado.
Que traga olhos de melancolia
pra despertar os necessários devaneios em horas de não-ser.
Mas que, às vezes, saiba ser um pouco irreverente,
que tenha risos pra rir de vez em quando
e carregue enormes reservas de humor inteligente.
Que, ao som de valsas, de tangos ou milongas,
altivo ou entonado,
seu corpo se incendeie em ritmo e, ao contato do frágil corpo companheiro,
levitem ambos na incomparável magia de dançar.
Que suas mãos conheçam os segredos de todas as carícias
e, nas escuras horas luminosas, saibam caminhar em andanças milagrosas,
provocando avalanches, quedas d'água, terremotos...
Ah, deixai-me dizer-vos que é todo imprescindível
Que também haja um largo peito de aconchego
e fortes braços de abraçar carências.
E, embora não seja de todo carecente, é recomendável
que haja um sombreado de barba numa cara expressiva e benfazeja.
É preciso que ele tenha boca de muito beijar e de belo falar:
de voz intensamente morna, grave, insinuante.
Mas também é muito preciso que tenha ouvidos
de ouvir e de entender.
Que se enterneça ao canto, ao assobio, à melodia,
e à musicalidade da palavra em poesia.
Que ame o céu azul, os verdes campos, os morros,
o sol, a chuva, a lua, as águas cristalinas,
o poderoso mar de eternas vagas.
Que se sinta atraído por novas descobertas
e se disponha a desbravar caminhos.
Que não se queixe nunca de envelhecer na alma,
pois que o espírito jamais pode perder o vigor dos verdes anos.
É, pois, absolutamente necessário que ele saiba suportar
os açoites de todos os minuanos,
quando atacam, sorrateiros, em inesperadas volteadas de coxilhas.
É importantíssimo que o homem seja alto,
alto nos pensares e sonhares.
E capaz de compreender o pensar e o sonhar da amada.
Que seja generoso
E não cultive o azedume das querelas.
Que saiba tão bem pedir como ofertar
o fruto doce do perdão e da harmonia.
E que haja sempre dignidade nos seus passos.
E amor à vida, ao irmão, ao Pai Maior.
É preciso, enfim, que, enlaçando seu destino à bem-amada
e sendo pai, amante, companheiro,
nunca se esqueça de levá-la, às vezes,
numa rede tecida só de enlevos,
para o mágico país dos namorados.

Ruth Larré

 Um grande abraço a todos! Uma semana maravilhosa para vocês e poética também :) hehe.

Taty Casarino

 
 

 
 






Apresentação da Coluna de Poesia

segunda-feira, 14 de julho de 2014
  Olá, pessoal! Meu nome é Tatyana Casarino, tenho 22 anos, sou estudante de Direito e amo escrever poesia. Desde criança, sempre nutri muito afeição pela literatura e pelas ciências humanas no colégio e passei grande parte da minha infância e adolescência lendo. Aos 16 anos, comecei a me apaixonar ainda mais pela escrita de redações no colégio e pelo estudo da história dos poetas. Então, certo dia, inspirada por uma onda de sentimentos (já que sou uma pessoa de perfil sentimental), resolvi unir minha paixão pelo universo literário e meu perfil sentimental, transformando em palavras alguns de meus sentimentos.

           

    A partir daí nasceram minhas primeiras poesias, e eu preencho cadernos e mais cadernos com versos e pensamentos. Além das inspirações poéticas, sempre fui uma pessoa bastante imaginativa. Histórias povoavam minha mente, e eu me sentia aflita com a necessidade de exteriorizar tais enredos. Sendo assim, escrevi dois romances, os quais ainda não foram publicados, e eu pretendo publicar meus romances e minhas poesias após a conclusão do meu curso de Direito.
    Sou apaixonada pelo Direito, pois ele possui como principal ferramenta a Palavra, a qual também é o instrumento primordial do escritor. O Direito usa a Palavra com finalidade argumentativa dentro do contexto social e deve ter como fundamento a busca pela justiça e harmonia social. A literatura, por sua vez, utiliza a Palavra como expressão da alma, lapidando poesias e histórias de ficção, os quais, muitas vezes, representam sentimentos e situações humanas próximos à realidade, propiciando questionamentos filosóficos, sociais e psíquicos em busca do desenvolvimento humano.
     Assim que entrei no curso de Direito, em 2010,  criei o blog Recanto Da Escritora (http://tatycasarino.blogspot.com.br/), onde divulgo poesias de minha autoria, bem como textos artísticos e filosóficos. Neste mesmo ano, comecei a estudar inglês na Wizard, e foi nessa escola de idiomas que eu conheci a Fernanda Rocha.
   Certo semestre em que eu e ela estávamos fazendo parte da mesma turma, nós chegamos atrasadas em uma aula e, então, formamos uma dupla a fim de fazer os exercícios de inglês propostos pela professora. Abençoada hora em que chegamos atrasadas hehehe, pois tive a oportunidade de conhecer essa pessoa maravilhosa que é a Fê, sempre tão gentil, delicada e que compartilha comigo a mesma paixão pela literatura.
   Neste ano, aprofundamos ainda mais nossa amizade, trocamos e-mails sempre e nunca perdemos o contato. A gente se divertiu ao saber que temos uma personalidade bem parecida uma com a outra, e estamos sempre unindo forças.

   

   
   Eu sempre admirei o Trilhas, o qual eu considero um espaço fantástico com muito dinamismo e versatilidade, e ela também gosta do Recanto. Recentemente, ela me convidou para fazer parte do Trilhas, contribuindo com o blog, e eu aceitei, sugerindo uma coluna de poesia. Assim, escreverei semanalmente às quintas-feiras aqui no Trilhas sobre a temática Poesia. Vou postar sobre: conceitos da poesia, figuras de linguagem, biografia de poetas brasileiros e estrangeiros, escolas literárias e outros assuntos referentes ao universo poético além de postar alguns de meus próprios poemas.

 Muito obrigada, Fê, pela oportunidade de participar do Trilhas!

  Desejo uma excelente semana a todos :)! Espero que gostem da nova coluna do Trilhas!

Abraços,

Tatyana Casarino.




   

Resenha: Depois da Meia Noite

terça-feira, 8 de julho de 2014
Depois da Meia Noite



Autor: Aurélio Simões
Editora: Baraúna
Número de páginas: 217
Skoob


Sinopse:
"Com a intenção de inovar o relacionamento, a bela e ousada Natasha e o seu namorado decidem visitar uma casa de swing. Mas o que poderia ser algo prazeroso e diferente para ambos, torna-se uma experiência perturbadora. Na noite em que eles visitam a casa, homens encapuzados e armados invadem o local e sequestram as pessoas. Natasha e seu namorado tentam fugir, mas somente ela consegue. Agora, Natasha é vítima de uma perseguição que vem assombrando a sua vida. E para continuar viva, ela fará de tudo para desvendar o mistério que, aos poucos, vai se revelando algo muito mais perigoso do que ela imaginava. "

Minha opinião:

Peguei este livro na caixa postal em uma sexta-feira, quando cheguei em casa, eu quis ler a contra capa, as primeiras linhas do primeiro capítulo, resultado: li todo o livro nessa sexta aí mesmo.

A sinopse fala de Natasha e o seu namorado que decidem visitar uma casa de swing, quem lê essa parte pode pensar em cenas mais apimentadas, mas digo que não, esse cenário é apenas o cenário inicial de um drama que prende a atenção da gente. A casa de swing logo passa mas o que acontece lá dentro e que Natasha vê, continua sendo citado por todo o livro.

Muito mistério e intrigas que podem ter diversas origens e motivos, mas que somente no final é que conseguimos entender. Também há muita perseguição, especificamente em cima da Natasha, afinal ela sabe demais sobre um mistério que envolve pessoas de cargos altos, ela apesar de não saber totalmente a origem de vários mistérios é uma das pessoas que mais chega perto de desvendá-los e isso causa revolta nas pessoas envolvidas. E o que acontece então? Claro que essas pessoas envolvidas vão atrás dela e tentam de todas as formas se livrar dela como se livraram de outra pessoa que há muito tempo descobriu a verdade, mas essa outra pessoa pode estar "fora de combate" apenas para se proteger.

Mas não se engane com as aparências, o que você pode ter certeza que é, nem sempre representa a verdade.

Um livro de um autor nosso, nacional e que prendeu minha atenção do início ao fim. Claro que recomendo!!!

OBS: esta resenha é uma republicação aqui do blog Trilhas Culturais.

Resenha: No Caminho - Uma experiência na primeira pessoa

sábado, 5 de julho de 2014
No Caminho - Uma experiência na primeira pessoa



Autora: Joana Picado
Editora: Chiado
Número de páginas: 121

Sinopse:

"A história do Caminho de Santiago perde-se nos tempos. O que levará tantos peregrinos a percorrer a pé, de bicicleta ou a cavalo os milhares de quilómetros traçados por vários trilhos que conduzem ao famoso Santuário? Serão apenas motivações religiosas ou haverá algo mais por detrás deste fenómeno?
Num discurso intimista e espontâneo, mas simultaneamente descontraído e salpicado de humor, Joana Picado relata-nos o que significou caminhar sozinha durante 15 dias, por um percurso de 310 Km, apenas com uma mochila de 6 Kg às costas. Seguindo uma forma mais ou menos cronológica, a autora descreve-nos o seu dia-a-dia num ambiente mágico e diferente, compartilhado com os peregrinos com quem cruzando confidências e relatos na primeira pessoa.
E se, na verdade, cada um caminha a seu ritmo e num tempo propício ao isolamento e à meditação, ocorrem também momentos de descontração e de partilha que ajudam a criar novos laços de amizade, por vezes inesperados. Foi o que aconteceu com três dos peregrinos com quem Joana no início não cria empatia, mas que mais tarde se vêm a revelar imprescindíveis.
Ao longo das páginas e da caminhada, aqui e ali, algumas surpresas próprias de uma aventura como esta irão surpreender o leitor.
Além do mais, “No Caminho, Uma experiência na primeira pessoa”, revelar-se-á uma espécie de manual de sobrevivência onde não faltam informações preciosas sobre as dificuldades que vão surgindo ao longo da viagem e o modo de as superar."

Este livro eu solicitei com bastante vontade de ler, afinal, eu já li tantos pequenos trechos sobre o Caminho de Santiago que queria ler algo mais substancial então quando vi esse livro como lançamento, tratei logo de pedir.

Esta é uma história real da autora Joana que graças a um livro sobre o caminho de Santiago encontrado em uma caixa com pertences de um tio falecido, se interessou mais sobre o lugar e na possibilidade de fazer essa caminhada.

Ela explica como é constituído o caminho de Santiago, em quais partes e quais são elas, as distâncias são citadas no livro. Depois ela nos conta como foi a preparação dela, sim, porque não é simplesmente decidir e sair correndo, quem sabe que vai enfrentar uma longa caminhada precisa se preparar e ela nos conta como foi essa preparação dela.

O restante do livro, os capítulos são divididos por dias, primeiro, segundo e qual percurso fez além do tamanho dele. Nos capítulos é relatado tudo o que acontece durante a caminha, com quais pessoas ela conversou, o que conversou, as amizades que fez...sim ela fez amigos com os quais se tornaram quase inseparáveis apesar de cada um caminhar no seu ritmo e muitas vezes sozinhos.

Ela fala sobre os locais onde esteve hospedada, o que comeram, fala sobre as dificuldades de cada percurso.

No final do livro eu estava feliz com o que tinha lido mas não sei porque eu senti uma falta de algo que nem eu mesma sei explicar o que é.  Acredito que muitas pessoas como eu, quando ouvem falar no caminho de Santiago, pensam em algo místico e como o livro não trata desse lado, como já disse, místico, talvez seja por isso que eu senti falta de algo... algo que talvez nem exista, hehehe.

De qualquer forma eu considero um bom livro!

OBS: esta resenha é uma republicação aqui do blog Trilhas Culturais.

Resenha: Mediunidade de Cura

terça-feira, 1 de julho de 2014
Mediunidade de Cura




Autor: Ramatis - psicografada por Hercílio Maes
Editora do Conhecimento
Número de páginas: 255

Sinopse:

"O chamado Mundo Oculto sempre atuou na cura das enfermidades humanas, sob asmais diversas formas. Assim se verifica nos relatos bíblicos, noxamanismo dos povos antigos, na tradição oculta e namediunidade contemporânea, aqui descritos por Ramatís. Nesta obra, que trata especificamente da terapêutica por viamediúnica, a profundidade do conhecimento iniciático deRamatís, aliada a sua peculiar objetividade, desvenda com clareza osmecanismos de atuação curadora no duplo etérico do homeme na fisiologia dos chacras. Descreve a técnica utilizada pelasequipes espirituais nos receituários mediúnicos, a razãodos equivocos possíveis, e o charlatanismo que eventualmente ocorrenesse processo, bem como a metodologia das cirurgias espirituais, a tarefa domédium receitista e suas dificuldades, os passes mediúnicos e o receituário homeopático e de água fluidificada. Desvenda a técnica dos "benzimentos" e "simpatias", e elucidacom precisão inédita como atua na cura dos quadrosdermatológicos. Aponta os efeitos da eutanásia e dadistanásia - a "morte difícil", ou prolongamento artificial davida, que impede o homem contemporâneo de morrer em paz. Já consagrada como um manual clássico damatéria, em mais de uma dezena de sucessivas edições,é leitura indispensável para quantos se interessam pelosprocessos da chamada cura espiritual, pela extensão e profundidade deanálise dos mecanismos ocultos da mediunidade curadora. ''"

Todos sabem (ou quase todos) que sou espírita. Conheci o espiritismo há 9 anos quando fiz cursos e trabalhei numa casa espírita. Tempos depois precisei me afastar mas ano passado no segundo semestre voltei a frequentar uma casa espírita onde poucas semanas depois eu já estava de volta como trabalhadora da casa.

Com esse meu retorno, coloquei como sendo um dos focos de minha vida o estudo da doutrina e de tudo mais que possa me ajudar a aprender mais e mais e  me ajudar nos trabalhos. Mediunidade de Cura é um livro que li há 9 anos atrás, mas que decidi reler agora nessa minha volta para relembrar alguns conceitos importantes.

Para quem ficou curioso a respeito dessa leitura, faço um resumo que possa esclarecer melhor as dúvidas a respeito do livro.

O livro fala sobre as enfermidades nos seres humanos, problemas de saúde em geral que muitas vezes são causados, que tem origem na mente da pessoa, nas atitudes inferiores que algumas pessoas possuem. Mas que atitudes inferiores são essas? Alguns exemplos: raiva, egoísmo, o prazer por fazer maldades, ódio, a necessidade de vingança, necessidade de ver o outro ser humano sofrer de algum forma ou o simples desejo de que algo ruim aconteça à alguém. Segundo o livro, esse tipo de comportamento cria resíduos tóxicos, digamos ... na alma da pessoa e quando em excesso, passam para o corpo físico em forma de doenças, problemas de pele, etc.

Em linhas seguintes, é comentado como a mediunidade de cura pode ajudar as pessoas que deixaram esses tóxicos acumularem de tal forma que feriram o corpo físico. Como o espiritismo pode ajudar essas pessoas e como podemos nos cuidar para evitar esse acúmulo de toxinas na alma.

O livro fala também como o ser humano é constituído além dos já conhecidos: alma e corpo físico. Também é falado sobre mediunidade, o que é, como é manifestada, se pode ou não trazer algo ruim para as pessoas que possuem e quais são essas pessoas, qual é a responsabilidade de ter mediunidade, como ela pode ser trabalhada e de alguns tipos de médiuns.

É falado dos médiuns receitistas e passistas, da homeopatia (o que é e como age no corpo humano), da água fluidificada, sobre benzimentos (fazem mesmo algum efeito?) e por fim operações (cirurgias) espíritas, tanto no local onde o paciente esta como à distância (como é feito, como se processa, o que acontece).

Enfim,  dá para ver que o livro é bastante abrangente e trata de vários assuntos que até fazem parte da vida de muitas pessoas...quem nunca precisou de um benzimento quanto era criança? Muitas mães contam que levou nós filhinhos lindos para serem benzidos por causa de algum problema que tivemos...mas o que é isso afinal? O que é benzimento? Nesse livro fala, explica. Outros assuntos também muito importantes para quem quer conhecer um pouquinho mais do "funcionamento" de casas espíritas, tais como: água fluidificada, passes e os assuntos referentes à mediunidade para quem já esta frequentando uma casa espírita ou esta pensando em procurar devido a essa palavrinha: mediunidade.

Esse livro para mim é para consultas constantes sempre que eu esquecer de algum tópico, um ótimo livro de Ramatis que recomendo e adoro ler.

Alguém aí já leu algum livro de Ramatis? Qual?

OBS: esta resenha é uma republicação aqui do blog Trilhas Culturais.