Coronavírus - Por mais humanidade

domingo, 5 de abril de 2020
Da agitação diária e agendas lotadas para uma vida sem agito algum. Quem ia imaginar que um vírus, algo tão pequeno ia mudar a vida de todos, do rico ao pobre, das pessoas com "mil" graduações e pós-graduações, doutorados até as pessoas analfabetas?
O mundo parou, ou quase, pois há os profissionais que continuam trabalhando, da área de saúde aos funcionários das farmácias, supermercados, postos de combustíveis, da segurança pública. As notícias são alarmantes, os números de suspeitos com o Coronavírus só crescem assim como o número de infectados. Mas saindo do foco dos números, há um outro lado que poucos notam: de algo muito maior que eu chamo de Universo, tentando mais uma vez nos ensinar algo.


Antes do vírus eram as catástrofes naturais que não pediam licença e iam destruindo tudo pela frente, quantos momentos de pânico tiveram pessoas do mundo todo ao ver suas casas serem destruídas e a vida dos que amavam serem levadas ou pelo vento ou pela água? Por que será que tudo isso ocorre? Por que mais uma vez somos vítima de algo que não podemos controlar (apenas tentar evitar)?
Porém, para mim não somos vítimas de nada, somos pessoas com uma responsabilidade imensa nas costas isso sim. Vejamos os anos de destruição da natureza, dos recursos que o planeta nos oferece para desfrutarmos com equilíbrio mas que nem damos importância, destruímos tudo mesmo e não devolvemos nada ao planeta. Quantas árvores arrancadas e nem uma plantada no lugar! Quantos rios poluídos, quanto lixo produzido, quanto plástico lançado nos oceanos! Quanto consumismo desenfreado sem necessidade! E tudo isso para preencherem vazios internos que nenhum carro, que nenhuma casa de luxo, que nenhum dinheiro vai preencher. Famílias não se falam mais e nem mesmo fazem pelo menos uma refeição junto. Pais que não abraçam seus filhos, que não conversam amigavelmente e ao invés disso sentam um ao lado do outro cada um olhando para uma tela de celular. Amigos deixam de se ver porque a agenda do dia está sempre lotada, e a agenda da semana, do mês, do ano, da vida. Casais terminam a relação porque não cedem ao outro em nenhum momento, casais que cada um só pensa em si mesmo e não no outro que está ali ao lado. Crianças não sabem mais o que é natureza e brincar com coisas que não sejam eletrônicas, adultos não conhecem lugares lindos perto de onde moram porque preferem se esconder em shoppings com ar condicionado no modo flocos de neve. Cadê a humanidade nisso tudo? Onde está a preocupação com o meio onde vivem e com as pessoas ao redor?


No lugar do amor, do carinho, da compreensão, do abraço, do sorriso estão a ganância, o orgulho, a raiva, a falta de paciência, a arrogância, o desprezo. Pois é povo de nariz empinado, agora vocês estão no mesmo barco que todos os outros que tanto desprezam, ricos e pobres, doutores e analfabetos, velhos e novos, todos estão no mesmo barquinho lutando pela sobrevivência. Do que vale agora seu dinheiro, sua posição social, seu carro importado, seu apartamento de luxo? Agora todos querem saúde, todos querem ficar longe de um vírus que não aceita suborno, que não se compra, que não faz distinção de classe social.
 E a maioria de nós que reclama da correria diária? Agora a correria não existe, o que faremos? O mundo parou não para ficarmos entediados mas para olharmos para dentro isso sim! O Universo vem há tanto tempo pedindo, implorando para que a humanidade volte a olhar seus corações, para que voltemos a olhar para nós mesmos, para nossos valores, para nossos sonhos, para nossa essência... mas a humanidade estava ocupada demais para perceber esses pedidos. Nesse caso, o Universo nos fez parar na marra, já que era falta de tempo que todos alegavam, agora todos nós temos tempo. O Universo cansou de mandar sinais educados, ele anda nos sacudindo e esfregando na nossa cara a importância da mudança interna, e consequentemente do cuidado com o planeta que vivemos.


Vamos aproveitar esse momento para fazer as pazes com as pessoas que brigamos, para trazer harmonia para nossa família, nossa casa, vamos aproveitar e REFLETIR SOBRE QUEM SOMOS, QUAIS VALORES TEMOS DENTRO DO CORAÇÃO E SE ESTAMOS SEGUINDO ESSES VALORES, VAMOS OLHAR PARA NOSSA ESSÊNCIA E SEGUIR ELA, VAMOS VOLTAR A SONHAR, VAMOS TIRAR DE NÓS (ou identificar o que causa) O ÓDIO, A FALTA DE PACIÊNCIA, O DESPREZO PELO OUTRO (será desprezo pelas pessoas ao nosso redor ou a tristeza de sermos quem somos?). Vamos identificar o que nos entristece, vamos mudar comportamentos, vamos fazer um plano de ação para, quando a quarentena acabar, a gente voltar com uma versão super melhorada de nós. E não há nada de vergonhoso nisso, todos ao redor vão é amar isso sim. Vamos ter mais carinho, amor, paciência pelos outros, vamos conversar olhando nos olhos da outra pessoa, vamos ouvir mais, ajudar mais, motivar mais e criticar, xingar, desprezar menos.
Vamos também parar de produzir tanto lixo, chega de centenas de milhões de copos plásticos que mal foram usados atirados nos lixões, chega de comida desperdiçada, chega de excesso de embalagens, chega de exploração sem limite do lugar que vivemos, do planeta! Precisamos dos recursos naturais para viver, precisamos da natureza para produzir nossa comida, vamos acordar para isso também e fazer nossa parte. O que será que terá que acontecer mais para acordarmos para todas essas questões?


E antes que eu seja apedrejada, deixo claro que não condeno quem tem ótimas condições financeiras de vida, não condeno quem tem carro importado ou more em casas belíssimas, apenas chamo atenção pelo significado que damos a tudo isso, chamo atenção que há mais que o dinheiro, há amor, há a saúde nossa e do planeta em dia, há pessoas que amamos, há a paz em nosso coração e na nossa consciência.
 Que o Coronavírus seja a sacudida final para acordarmos de vez para tantos assuntos que por "falta de tempo" não cuidávamos. Que o Coronavírus traga mais humanidade em nossas vidas.


Foi necessário - Augusto Cury


FOI NECESSÁRIO

Foi necessário um vírus para desacelerar o planeta. E ele veio por uma bofetada na nossa cara.
Foi necessário um vírus para olharmos com cuidado, zelo e percebermos a fragilidade dos nossos idosos.
Foi necessário um vírus para os pais ficarem com seus filhos e não atribuírem essa responsabilidade aos avós.
Foi necessário um vírus para lembrarmos de conversar com Deus, pois isso andava meio fora de moda,
Foi necessário um vírus para fazer a gente rezar, para fazermos orações para o mundo e não só para nós.
Foi necessário um vírus para voltarmos a ter fé.
Foi necessário um vírus para mostrar que classe social, raça, crença, orientação sexual não tem diferença diante de uma epidemia.
O vírus fez a gente perceber que somos um, que o individualismo não resolve nada, que precisamos de todos.
O vírus deu uma trégua na polaridade, afinal estamos todos no mesmo barco, olhando na mesma direção.
O vírus nos privou do abraço para percebermos o quanto ele é valioso.
O vírus fez a gente perceber o quanto nossas mãos precisam ser higienizadas e que com esse hábito evitaríamos muitas doenças.
O vírus desacelerou até o consumismo, pois as pessoas não vão sair por aí comprando, comprando e comprando! Sairemos de casa para comprar apenas o necessário.
O vírus fez cair os pedidos de fast-foof delivery pois percebemos que cozinhar para nossa família é a forma mais segura de alimentá-los. ( isso andava meio fora de moda)
O vírus veio nos mostrar que o ar pode ficar mais puro com a diminuição de carros circulando, e mostrar que as pessoas podem caminhar mais. (estão evitando o transporte público)
O vírus veio nos ensinar a agradecer todos os dias por estarmos saudáveis.
O vírus veio nos lembrar o quanto a vida é frágil e que precisamos cuidar do nosso corpo e da nossa alma.
O vírus veio nos mostrar que não devemos subestimar as coisas pequenas. Afinal ele é tão pequeno, invisível aos olhos e está mudando o comportamento do mundo.
Foi necessário um vírus para a gente acordar.
E aquele tempo que sempre dizíamos que não tínhamos? Então, o vírus nos mostrou que ele existe.  



          Augusto Cury

A LIÇÃO FOI DADA, AGORA SÓ NOS RESTA APRENDER!