Trilhas Pelo Mundo 10

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Processo - Franz Kafka


Hoje na coluna falarei sobre este livro que deu nó no cérebro de muita gente!



Franz Kafka: (1883-1924) Nasceu em Praga na Áustria- Hungria (atual república Checa). Considerado um dos maiores escritores de ficção do século XX, Kafka retratou em seus principais trabalhos (até mesmo porque tem muitos incompletos) A Metamorfose, O Processo e O Castelo uma certa aversão à burocracia.
O autor perdeu seus irmãos durante a Segunda Guerra Mundial, pois a família era de judeus.
Devemos agradecer a seu grande amigo, Max Brod, a quem Kafka pediu que destruísse todas as suas obras após a sua morte, mas que fez justamente o contrário.






Livro: O Processo
Autor: Franz Kafka
Editora: Martin Claret
Tradutor: Torrieri Guimarães
Páginas: 255

Sinopse: O Processo (1925), publicado postumamente, conta a história do bancário Josep K., que, por razões que nunca chega a descobrir, é preso, julgado e condenado por um misterioso tribunal. Nesse romance, a ambigüidade onírica do peculiar universo kafkiano e as situações do absurdo existencial chegam a limites suspeitados. A Ação desenvolve-se num clima de sonhos e pesadelos misturados a fotos corriqueiros, que compõem uma trama em que a irrealidade beira a loucura.

Minha Opinião: Este não é um livro fácil de ser lido, porém é bom pensar enquanto se lê que este livro não é sério. Que é uma comédia. Pois acho que era assim que Kafka estava tentando retratar o sistema judiciário ao qual ataca no livro.


"Alguém deve ter caluniado a Josef K., pois sem que ele tivesse feito qualquer mal foi detido certa manhã."

Josep K, personagem principal, acorda pela manhã e descobre que está detido pois está sendo sendo feito um inquérito sobre algo e K está sendo acusado. A grande questão é: de quê estão acusando K? Pois é melhor o leitor se conformar pois isso não será respondido.
Não é à toa que a expressão kafkiana existe. Quando alguém diz que está em um dilema kafkiano ou diz que este é um universo kafkiano, a pessoa quer dizer que é algo difícil de ser explicado ou entendido. A expressão foi criada por causa deste tipo de texto escrito pelo autor. Portanto, posso dizer que este é um livro que se enquadra perfeitamente em um universo kafkiano e isso quer dizer que o livro é absurdo e surreal.
Os capítulos do livro se mesclam entre o dia a dia de K, que são quase normais fora a sua perseguição pelas mulheres, e a absurda burocracia do processo. Inicialmente K quer saber sobre o que é acusado, mas as explicações para isso não são dadas. É dito somente que não compete a ninguém comentar o caso, somente a um oficial superior - oficial este que K não consegue encontrar. Quando o personagem fala com seu advogado sobre o assunto, quando seu advogado acaba de preparar seu primeiro texto de defesa, entendemos que nem ele sabe sobre de que se trata esse processo.
A burocracia é apresentada no livro de maneira chata. Chata por que fala de burocracia e chata porque são parágrafos longos sem muitas falas intercaladas (especialmente no capítulo VII: O Advogado. O Fabricante. O Pintor). Acredito que este tenha sido o propósito, apresentar a chatice da burocracia não só por meio de explicações mas fazendo o leitor sentir na pele a inutilidade de tantos trâmites. O personagem desde o inicio questiona o porquê de as coisas funcionarem desta maneira e se mostra desacreditado com o sistema judiciário. Mas, assim como todos, ele precisa passar por esse sistema par ver-se livre de seu processo.
Este é um livro recomendado para quem tem interesse em advocacia pois vai tratar de forma bem humorada sobre os trâmites legais aos quais um acusado precisa passar (nem tudo é realidade, afinal, é um mundo kafkiano) e mostrar como a justiça enrola-se em si mesma ao invés de desenrolar-se. Recomendado também para quem gosta de um universo que misture realismo com elementos fantásticos. Eu gosto muito do autor Haruki Murakami que é fã de Kafka e que escreve seus livros dentro de um universo de realismo fantástico e recomendo a leitura a todos que não tem medo de desafios!
Esta edição que li é a da Martin Claret. Faz parte da coleção "A Obra-Prima de Cada Autor" e vem com um prefácio onde o tradutor conta um pouco sobre a vida de Kafka e esclarece um pouco o porquê de ele ter escrito dessa forma.

o/
Fran.




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