Hollycópia

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
        Faz alguns anos que eu descobri o significado de "remake" em se tratando de filmes. A palavra "make" em inglês significa "fazer", então "remake" nada mais é do que "refazer". O conceito de remake continua estranho para mim. Se algo já foi feito, por que deve ser feito novamente? Talvez pensem em melhorar aquilo, mas certas coisas não precisam ser melhoradas. 
       Sendo criança/adolescente nos anos 90, vi o início da febre dos remake com olhos meio céticos. A primeira vez que vi um filme ser refeito achei que Hollywood já não tinha mais a criatividade de antes. Nem sei direito qual era o filme, o que eu sei é que tinha visto o original e não tinha gostado da tal nova versão. 
     Estou falando sobre isso porque acabei de voltar do cinema de uma sessão do novo "Carrie - A Estranha". Não sou nenhum crítico de cinema chato (alô Rubens Ewald Filho), mas achei um filme muito ruim. Devo ressaltar, claro, que sou fã da versão de 1976 - a primeira - com Sissy Spacek, Piper Laurie e John Travolta em seu primeiro papel em um filme grande, pouco antes da explosão dos "Embalos de Sábado à Noite". Assisti pela primeira vez em 2001, depois de ter visto um seriado que fazia alusão à famosa cena em que Carrie destrói o baile de formatura. Como não conhecia essa história, a cena no seriado foi muito assustadora, até que meu pai riu e disse: "Você nunca viu 'Carrie'"? Disse que não e fui correndo alugar a fita (pois é, a idade hoje em dia aparece em pequenas palavras...). Fiquei apaixonado pelo filme, pela música, pela cena de fogo e sangue.
      "Carrie" é um dos raros casos em que o filme é melhor que o livro. Stephen King escreveu uma novela interessante, cheia de citações de supostas biografias dos sobreviventes da tragédia. É interessante, mas essa coisa de ficar trocando de narradores toda hora deixa o livro bastante chato. Brian de Palma e seu roteirista Lawrence Cohen souberam arrancar do romance todo o seu poder e horror. 
        Seja como for, o filme que assisti hoje é ruim por diversos motivos. O primeiro - e talvez o mais importante - é a escolha da atriz que faz a personagem principal. Chloe Grace Moretz é uma atriz errada para Carrie. Ela é bonita demais, fofinha demais, novinha demais. Sissy Spacek tinha bem mais de dezesseis anos quando fez Carrie e não tem um rosto bonito. Não faz sentido Carrie White ter um rosto bonito se esse é justamente um dos seus maiores problemas. Ela é feia, esquisita, anti-social e, segundo o livro, "uma balofona". Acho que a diretora de elenco, em nome da vontade de ser "mais fiel ao livro" pecou na escolha de elenco. 
        A única que se salva é a sempre maravilhosa Julienne Moore. Ela está sensacional como Margareth White, mãe de Carrie, ainda que bem aquém de Piper Laurie na primeira versão. Sua Margareth é mais contida e tem olhos maiores, o que dá um colorido interessante para as cenas em que aparece. 
         A trilha é fraca, simplória, pouco trabalhada ao contrário da original que é belíssima. O ritmo do filme também é diferente, rápido demais, dá a impressão de que os produtores querem que o filme acabe logo. 
         A febre dos remake assola Hollywood de uma forma cada vez mais escancarada. E isso é péssimo. "Carrie" é um filme que deveria ter sido deixado quieto.

                                                                                                            Ricardo Maciel

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