Trilhas Pelo Mundo

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Olá, eu sou a Fran e hoje começo com uma nova coluna aqui no Trilhas!

(Deixo aqui meu Skoob caso queiram saber o que eu leio =] )

A ideia da coluna é resenhar livros de vários autores internacionais que já foram traduzidos e tentar falar um pouquinho sobre o próprio autor, porque acho importante saber quem escreveu o livro. Vou tentar levar a ideia adiante sem repetir as nacionalidades dos autores (até onde for possível, claro) então se tiverem alguma sugestão de livro fiquem à vontade para escrever nos comentários!

Hoje é sexta-feira 13 e não podia deixar de falar sobre algo relacionado à data, mas fugindo do lugar comum, escolhi falar sobre um livro de contos fantásticos do francês Guy de Maupassant.  O foco será em um de seus contos chamado O Horla, considerado por muitos críticos a sua obra-prima. Ele tem duas versões neste livro: a primeira escrita em 1886 e outra em 1887. 



Sobre o autorHenri René Albert Guy de Maupassant, nasceu em 1850 e viveu até 1893 quando faleceu em um manicômio, após haver tentado suicídio (estava com sífilis e sofria perturbações causadas pela doença).
O autor deixou uma obra extensa de contos, peças de teatro e romances. No site da wikipedia (em inglês) tem a lista completa de suas obras. 
Os principais e mais conhecidos contos são: Mademoiselle Fifi, Bola de Sebo, A Pensão Tellier e O Horla.
Alguns fatos de sua vida não podem deixar de ser mencionados, como o autor ter salvo o poeta Algernon Charles Swinburnede afogamento na costa da Étretat na Normandia (onde Maupassant morava e após formar-se foi morar em Paris) e ter conhecido na escola secundária Gustave Flaubert (genial escritor de Madame Bovary – leitura altamente recomendada!), que acabou sendo uma espécie de tutor literário para Guy de Maupassant. Na casa do tutor acabou conhecendo Émile Zola e Ivan Turgenev.
Alistou-se como voluntário na guerra Franco-Prussiana em 1870, após formar-se. Em 1878 tornou-se editor de vários jornais de referência como Le Figaro, Blas Gil, Le Gaulois e eco l’Parise em seu tempo livre dedicava-se a seus romances e contos. Com as publicações fez muito sucesso.
O autor gostava da solidão, viajava muito e conheceu ainda Alexandre Dumas e Hippolyte Taine



Título: Contos Fantásticos – O Horla e Outras Histórias
Autor:  Guy de Maupassant
Editora: L&PM Pocket
Tradução: José Thomaz Brum
Páginas: 136
Link do Skoob

O Horla


Sinopse: A primeira versão do conto começa narrada em terceira pessoa e o narrador nos conta que o Doutor Marrande convidou algumas pessoas a conhecerem um dos pacientes da casa de saúde na qual trabalha. Em seguida começa o relato do paciente sobre o porquê de estar ali e é narrado em primeira pessoa.
A segunda versão do conto é narrada em forma de diário. Os contos são bem parecidos porém o segundo é mais completo. Enquanto o narrador relata o seu dia-a-dia em seu diário percebemos a transformação que se passa em sua vida e os acontecimentos fantásticos que a causam.

“Meus senhores, sei por que estão reunidos aqui e estou pronto para contar-lhes a minha história (...) Dentro de algum tempo, todos saberão que tenho um espírito tão são, lúcido e perspicaz quanto o dos senhores, infelizmente para mim, para os senhores e para toda a humanidade.”(primeira versão)

Minha Opinião: O Horla é certamente meu conto preferido da seleção deste livro e particularmente prefiro a segunda versão, pois várias frases e ideias pequenas da primeira versão são usadas de melhor forma na segunda. Enquanto a versão de 1886 é narrada de forma linear, falando sobre algo que já aconteceu, a versão de 1887 é em forma de diário e acompanhamos o sofrimento e o mistério envolvendo o narrador junto com ele.
A narrativa do autor é muito envolvente e é muito difícil parar de ler pois o mistério criado, a sensação de que algo estranho e fantástico está acontecendo é muito forte. O narrador vai apresentando provas daquilo que afirma acontecer e a cada nova descoberta o mistério vai ficando maior e melhor. Após constatar que algo estranho realmente acontece e o narrador lança a sua teoria, só podemos constatar que seja verdade.
Outra interpretação seria a de desconfiar da sanidade do narrador, o que é muito plausível já que várias vezes ele próprio desconfia dela. Em nenhum momento as provas apresentadas ao leitor são vinculadas a testemunhas. Tudo gira em torno das impressões do próprio narrador e naquilo que ele acredita, o que poderia ser fruto de sua imaginação ou de sua demência. A explicação de como isso poderia acontecer sendo que tudo parece tão verdadeiro o próprio narrador nos dá no quote abaixo e faz todo o sentido no final do conto:

"Eu me pergunto se estou louco. (...) Eu vi loucos, conheci alguns que permaneciam inteligentes, lúcidos e até perspicazes em relação a todas as coisas da vida, salvo num ponto. Falavam de tudo com clareza, com desembaraço, com profundidade, mas de súbito o seu pensamento, ao atingir o escolho da sua loucura, despedaçava-se, desintegrava-se e naufragava nesse oceano revolto e terrível, cheio de ondas enfurecidas, de nevoeiros, de borrascas, a que se chama 'demência'." (segunda versão)


Mas o conto funciona muito bem se acreditarmos no que nos é contado.
Durante as duas versões do conto, temos algumas reflexões bem interessantes, como a do quote abaixo, para justificar os acontecimentos fantásticos que o narrador está nos contando. 

“(...) Mas o nosso olho, meus senhores, é um órgão tão elementar que mal consegue distinguir o que é indispensável à nossa existência. O que é muito pequeno escapa-lhe, o que é muito grande escapa-lhe, o que é muito afastado escapa-lhe. Ignora os milhares de pequenos animais que vivem numa gota d'água. Ignora os habitantes, as plantas e o sol das estrelas vizinhas; nem sequer vê o transparente.” (primeira versão)

A história é muito bem amarrada e não deixa pontas soltas, somente essa ambiguidade na interpretação; o que é uma característica muito positiva. O elemento fantástico, apesar de fantástico, não é algo folclórico ou sobrenatural como fadas, vampiros e etc, é algo mais aceitável como real (algo assim).

Recomendo muitíssimo a leitura para quem gosta de contos e principalmente para quem gosta desse elemento sobrenatural, que combina com a sexta-feira 13. Tentei não entregar nada importante que estragasse a surpresa de um novo leitor mas foi um pouco difícil.
Espero que leiam e gostem! 
Até a próxima! o/


Nenhum comentário:

Postar um comentário

** Obrigada pelo comentário. Seja sempre bem-vindo (a) !! **
Obs: Comentários anônimos serão deletados.