A inesquecível história que nem o vento levou

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Frankly, my dear, I don't give a damn"

Uma das frases mais famosas do cinema, uma das frases mais fortes de um livro épico. E O Vento Levou.

Como começar uma coluna que faz paralelo entre filmes e livros e não falar do clássico americano que desenhou a sociedade sulista do século XIX para o resto do mundo? Citei a frase famosa, porque ao pensar nas semelhanças e diferenças entre livro e filme, posso dizer com toda convicção que a mesma frase me causou emoções totalmente diferentes.

Assisti ao filme antes do livro, e nunca tive curiosidade de ler a obra de Margareth Mitchell até que em uma conversa casual com uma amiga sobre Scarlett O'hara percebi que nós enxergávamos a personagem de maneira muito diferente! Ela me emprestou o livro e disse: depois você me conta.

Acho que o ponto onde as histórias da tela e das páginas se divergem é na maneira como são apresentados os fatos e as personagens. Embora seja praticamente a mesma história, fica muito claro que são pontos de vista muito diferentes o da autora do livro e do roteirista do filme.

Enquanto Margareth Mitchell explorou até a última gota a psiquê complexa de Scarlett ao ponto de torná-la uma anti-heroína, o roteirista a romanceou mais, bem aos moldes da glamourosa Hollywood da época. No livro, a história narrada em terceira pessoa nos permitia conhecer a crueldade, o egoísmo e a praticidade desconcertante dos pensamentos de Scarlett, e por mais que muitas vezes eles fossem ecos do que qualquer mulher prática em uma situação extrema pensaria, a crueza das emoções dela me chocou. Em 2013.

Imaginem em 1930? Acho que por isso, essa natureza selvagem e terrena dela foi atenuada para as telas do cinema.

Já o canalha ardiloso mais fantasiado do mundo do cinema e dos livros, Rhett Butler, que teve sua alma lindamente desvendada no fim do livro, manteve sua misteriosa aura de cafajeste no filme mesmo ao revelar seu amor desperdiçado por Scarlett.
Não é difícil imaginar que Ben Hetch ao roteirizar um herói construído pela mente de uma escritora, optasse por salientar mais o lado sedutor e ordinário do mocinho e abafar suas intenções desesperadamente românticas escondidas atrás de uma fachada conquistadora (que no livro era bem evidente).

Então, quando no filme o safado rico e bonitão, diz para a mocinha que não dava a mínima para o amor que ela tinha acabado de descobrir que sentia por ele, eu sofri pela Scarlett guerreira, que fez muitas coisas erradas movida pela ambição de sustentar sua família.

E quando no livro, o homem que passou anos apaixonado, desiste de lutar por uma mulher que colocou o orgulho e a ambição na frente da possibilidade de deixar-se ser amada e disse: Francamente querida, eu não dou a mínima! Eu entendi... e concordei com ele.

Uma coisa é certa. Tanto no filme, como no livro a história acaba com um ponto de interrogação imenso, que levou multidões a porta da casa da autora exigindo uma continuação que ela nunca escreveu... As sequências propostas por outros autores, roteiristas e diretores foram uma pálida lembrança da força que esta estória emblemática possuía.

Quanto ao cenário cinematográfico, eu me pergunto... Estando tão na moda remakes de clássicos como O Grande Gatsby, King Kong, Os Infiltrados, Psicose, porque ninguém se atreveu a fazer o mesmo com esta obra? Seria respeito pelo patrimônio histórico e cultural que este filme representa? Seria temor pelas comparações ao tentar refazer algo irretocável?

Ou ainda, existem protagonistas a altura de Vivien Leigh e Clark Gable? Alguma beldade de olhos verdes capaz de dizer com a voz engasgada pelo choro mas com a determinação de uma leoa: Nunca mais terei fome novamente! Ou ainda um tipo másculo, de risada maliciosa, que possa interpretar um contrabandista, jogador e ainda assim arrancar suspiros femininos?

Improvável.

Tenho apenas uma certeza: mil páginas inesquecíveis. Quatro horas de puro deslumbramento na frente da TV. Seja qual for sua preferência, não se permita passar pela vida sem conhecer esta obra-prima!

Comentem e deem sugestões de livros que viraram filmes que vocês gostariam de ver resenhados!


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