Era um dia normal na livraria. Movimento bom, gente entrando, gente saindo, sacolinhas brilhando para lá e para cá. Eu-livreiro atendia duas ou três pessoas ao mesmo tempo, coisa bem normal (e que com o tempo tem sua técnica aperfeiçoada, chegando a falar com cinco ou seis).
Dois segundos paro para descansar e me ajoelho para arrumar uns livros que uma criança (querida) tinha espalhado pelo canto da loja. Então escuto uma voz maviosa que me diz:
- Moço!
- Pois não? Em que posso ajudar?
Era uma família. Pai, mãe e uma criança pequena no carrinho. Um passeio normal de sábado ou domingo. Eles queriam livros de decoração.
- Ah, sim, pois não. Eles ficam aqui nessa seção. Tenho decoradores de vários estilos, esse aqui é um que eu gosto e...
- Não, moço.
Como não? Estou falando que sim! Sou eu que arrumo aqueles livros todos os dias, sou eu que passo os olhos por eles, sou eu que...
- Eu quero livros para decorar.
Juro que pensei em dar a Ilíada para ela, ou A Divina Comédia ou a série completa do Harry Potter (queria ver ela decorar todos aqueles nomes de poção!)
- Como assim? (eu era livreiro novato, ainda meio abestalhado)
- A gente comprou uma mesa grande e queremos colocar livros para decorar quando recebermos alguma visita.
Pensei então em livros bonitos e grandes, com fotos de Nova Iorque e de Paris. Mostrei os dois e os clientes começaram até a pensar em como organizá-los na mesa. Eu-livreiro tentei ajudar dando algumas sugestões sobre a posição deles, já que o de Nova Iorque é maior do que o de Paris e a pessoa que for folheá-los terá de abrir um em cima o outro. Diz o marido:
- Ah, nem se preocupe com isso, moço, os livros não são para ler.
Eu sei bem que não devia fazer isso, mas fiquei pensando para que mais os livros serviriam. Se não forem para ler, serão para que, gente? Enfim... Depois disso veio então a fatal pergunta! Diz a esposa:
- Quanto custam esses livros?
Falei eu que o de Paris saia por 84 reais e o de Nova Iorque por 165,60. Os dois fizeram expressões surpresas e desnorteadas em seus rostos. Percebi rapidamente que não tinham gostado.
- Nossa, moço, tudo isso por um livro de decoração????? (velocidade 5 no tom de indignação)
Eu-Livreiro tive vontade de bufar, mas sorri.
Dois segundos paro para descansar e me ajoelho para arrumar uns livros que uma criança (querida) tinha espalhado pelo canto da loja. Então escuto uma voz maviosa que me diz:
- Moço!
- Pois não? Em que posso ajudar?
Era uma família. Pai, mãe e uma criança pequena no carrinho. Um passeio normal de sábado ou domingo. Eles queriam livros de decoração.
- Ah, sim, pois não. Eles ficam aqui nessa seção. Tenho decoradores de vários estilos, esse aqui é um que eu gosto e...
- Não, moço.
Como não? Estou falando que sim! Sou eu que arrumo aqueles livros todos os dias, sou eu que passo os olhos por eles, sou eu que...
- Eu quero livros para decorar.
Juro que pensei em dar a Ilíada para ela, ou A Divina Comédia ou a série completa do Harry Potter (queria ver ela decorar todos aqueles nomes de poção!)
- Como assim? (eu era livreiro novato, ainda meio abestalhado)
- A gente comprou uma mesa grande e queremos colocar livros para decorar quando recebermos alguma visita.
Pensei então em livros bonitos e grandes, com fotos de Nova Iorque e de Paris. Mostrei os dois e os clientes começaram até a pensar em como organizá-los na mesa. Eu-livreiro tentei ajudar dando algumas sugestões sobre a posição deles, já que o de Nova Iorque é maior do que o de Paris e a pessoa que for folheá-los terá de abrir um em cima o outro. Diz o marido:
- Ah, nem se preocupe com isso, moço, os livros não são para ler.
Eu sei bem que não devia fazer isso, mas fiquei pensando para que mais os livros serviriam. Se não forem para ler, serão para que, gente? Enfim... Depois disso veio então a fatal pergunta! Diz a esposa:
- Quanto custam esses livros?
Falei eu que o de Paris saia por 84 reais e o de Nova Iorque por 165,60. Os dois fizeram expressões surpresas e desnorteadas em seus rostos. Percebi rapidamente que não tinham gostado.
- Nossa, moço, tudo isso por um livro de decoração????? (velocidade 5 no tom de indignação)
Eu-Livreiro tive vontade de bufar, mas sorri.
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