Poesia & Crítica Social

quinta-feira, 6 de novembro de 2014
                                        

   
    A poesia, além de ser arte, também é um veículo de comunicação. Assim, não são raros os poetas que se utilizam dessa ferramenta para retratar não só de sentimentos humanos profundos, mas também críticas sociais. É atribuída ao famoso poeta francês Charles Baudelaire a seguinte frase: "Todos os grandes poetas se tornam, naturalmente, críticos".

    É de outro francês uma frase que afirma a importância do conhecimento que a poesia é capaz de propiciar: "A poesia, atualmente, talvez tenha mais a nos ensinar do que as ciências econômicas, as ciências humanas e a psicanálise reunidas. "Felix Guattari, filósofo, psicanalista e militante revolucionário francês.

No Brasil, o Condoreirismo, por exemplo, faz parte de uma escola literária da poesia nacional, especificamente a terceira fase romântica, a qual foi marcada pela temática social e defesa de ideias igualitárias.

        


   A expressão "condoreirismo" é relativa ao condor ou outras aves, como a águia e o falcão, que foram consideradas o símbolo dessa geração de poetas com preocupações sociais. O condor é ave de voo alto e solitário e tem capacidade de enxergar a grande distância. Os poetas condoreiros acreditavam que eram dotados dessas capacidades na medida em que enxergavam a sociedade com "olhos de águia" e expressavam ideias de liberdade, a qual associa-se à liberdade de voo do Condor.

Sabe-se que o poeta Tobias Barreto é o "pai" do condoreirismo brasileiro, no entanto, Castro Alves é considerado o poeta mais expressivo desse modelo poético. Além da poesia social, Castro Alves cultivou ainda a poesia lírica, a épica e o teatro. 

      


   Castro Alves rompeu paradigmas ao evitar a visão idealizada e ufanista da pátria, retratando o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a escravidão dos negros, a opressão social e a ignorância do povo brasileiro.

  Quando se aponta os erros e as feridas sociais, o poeta sabe que tem a importante missão de conscientizar o leitor e o cidadão, podendo ser um grande "curador" das feridas sociais, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade.

Seguem abaixo duas poesias de crítica social:


Além da Imaginação ( Ulisses Tavares)

“Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança.
Mas não é o desalento que você imagina entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda.

E não é aquela que você imagina entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece imaginação.”
 
Versos de um menino de rua (Tatyana Casarino)
Constituição, a senhora diz que eu tenho direito à moradia.
Mas, eu sequer tenho onde dormir.
A senhora diz que eu tenho direito à vida,
mas eu sequer tenho o que vestir.

A senhora diz que eu tenho direito à educação,
mas eu sequer tenho o que comer.
E, estudar de barriga vazia,
não me faz aprender.
A igualdade perdida
desse sistema capitalista grita,
mas não é ouvida.

Os direitos sociais são pedaços de papel?
Então, queime-os na fogueira corrupta da indiferença,
atire-os no penhasco da desigualdade.
Nesse mundo, não há espaço para a lealdade.

Mas, eu ainda creio nas forças de suas normas, Constituição.
Eu ainda creio que um dia eu terei
tudo aquilo que a senhora me assegura.
Nesse dia, não estarei mais na rua.
 
Por fim, vale citar uma frase de Nelson Mandela:

Uma ótima semana a todas e até a próxima quinta-feira!

Abraços,

Taty

http://tatycasarino.blogspot.com.br/

 
 
 
 

 

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