A Poesia de Cada Dia

quinta-feira, 20 de março de 2014
   Caríssimos leitores da coluna SubLiteratura, 

 gostaria de pedir desculpas a vocês. Tenho estado ausente, não tenho entregue a coluna no prazo, enfim, não estou fazendo o que me comprometi a fazer. Gostaria de me explicar.
    Estou com um problema sério de saúde na família. Minha mãe está doente e vez por outra precisa de cuidados. Além disso, estou também trabalhando à beça na livraria - agora virei coordenador de eventos - um monte de trabalho a mais, na verdade. Peço desculpas pela minha ausência. Vou tentar mais um pouco. Se eu achar que estou atrapalhando mais do que ajudando, converso com a Fernanda e peço para sair. Gostaria muito de ficar, então vou tentar mais. Desculpas feitas. 

    Hoje eu queria falar sobre algo que estou vendo acontecer no Facebook e que tem me deixado muito feliz. Chama-se "Desafio Brasileiro de Poesia". Consiste em uma pessoa postar um poema e desafiar outras cinco a postarem poemas também em vinte e quarto horas. Se isso não for feito, ficam então devendo um livro de poesia ou qualquer outro livro para a pessoa que desafiou. Eu consegui responder umas quatro ou cinco pessoas, mas duas perdi o prazo e agora estou devendo. Fico muito feliz em saber que as pessoas estão lendo poesia e - ainda mais -  trocando poemas!

   Não sei se já falei sobre isso aqui na coluna, mas sou um assíduo defensor da Literatura Brasileira e da poesia lá na livraria. Sei que são assuntos e estantes que poucas pessoas procuram. Temos um preconceito incrustado em nós de que o que é feito aqui é lixo e o que é feito lá fora é bom. Isso não é verdade. Tanto dentro quanto fora do Brasil temos coisas boas e ruins sendo produzidas. Acho, por exemplo, que o tal Lepo Lepo (tão falado agora no carnaval, mas que tende a ser esquecido rapidamente) deva ser ruim (não sei, não ouvi, acreditam?), mas ao mesmo tempo temos Caetanos e Chicos para nos dizerem que a música brasileira é maravilhosa. O mesmo acontece nos Estados Unidos e na Europa, muitos filmes e músicas que vem de lá são ruins ao passo que outras são ótimas! 

    Poesia exige uma sensibilidade que nem todas as pessoas deixam aflorar. Poesia não é só um aglomerado de versinhos feito para encantar alguém, é muito mais que isso. Quero deixar aqui a fala de John Keating, personagem de Robin Williams, em "Sociedade do Poetas Mortos", filme de 1995, extremamente recomendado por esse humilde colunista: "Nós não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Nós lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana. E a raça humana é cheia de paixão. E medicina, leis, negócios, engenharias, todas são nobres buscas e necessárias para sustentar a vida. Mas poesia, beleza, romance, amor, são os motivos pelos quais vivemos.

   Fico contente em ver várias pessoas indo buscar na internet, em livros poemas para postarem. Mesmo que não entendam o poema completamente, mesmo que achem que apenas se sentiram bem ao lerem o poema, não perceberam, mas abriram a porta para a poesia, uma das portas mais interessantes da nossa vida. 

 Quero encerrar a coluna dessa semana com um poema, dos meus favoritos. É de um poeta irlandês, ganhador do Nobel e considerado por muitos o melhor poeta de Língua Inglesa depois de William Shakespeare: 


"Se eu tivesse os panos bordados do céu.
Com bainhas de luz dourada e de prata.
As sedas azuis e sombrias e escuras.
Da noite e da luz e da meia-luz.
Deitava-as todas aos teus pés.
Mas eu sou pobre e só tenho os meus sonhos.
Deitei-os todos aos teus pés
Pisa com cuidado,
É nos meus sonhos que estás a pisar."

William Butler Yeats, no livro "The Wind among the Reeds", 1899.

Saudações a vocês e uma ótima semana! 
  
                                                                                    Ricardo Maciel
 



   

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