O valor do nosso trabalho

domingo, 13 de dezembro de 2020

  


Vejo tantas pessoas em nosso país reclamarem do salário, do (a) chefe, do trabalho, disso e daquilo, vejo empresários ou pessoas em cargo de chefia reclamarem de seus subordinados, vejo um país onde o povo reclama pois não ganha o suficiente para viver.

Porém, vejo também pessoas com medo de serem demitidas e aguentando xingamentos de seus chefes, vejo pessoas humilhadas, trabalhando em péssimas condições de trabalho com medo de perderem o emprego e não terem como colocar comida em suas mesas. Nosso país vem sendo explorado desde o seu descobrimento e nosso povo carrega essa energia inconscientemente, carrega essa "herança" da exploração e talvez por isso esse comportamento de serem humilhados, ganhando mal e baixando a cabeça.

Precisamos mudar esse cenário e isso se faz com cada trabalhador dando mais valor à sua força de trabalho, isso se faz com não aceitar assédio moral no ambiente de trabalho e não digo que quem sofre isso deve brigar, dar porrada, não, nada disso, mas essas pessoas devem com educação se impor e exigir respeito. Cada um de nós tem valor, cada tarefa que fazemos por mais simples que pareça deve ser valorizada e quem deve reconhecer esse valor em primeiro lugar é nós mesmos.

Devemos dizer não ao assédio moral e a todos os outros assédios que por ventura ocorrem, nesse caso, estamos falando do ambiente de trabalho.

Devemos dizer não às horas extras que viram rotina e não algo que precisa ser realizado de vez em quando, porque sim, de vez em quando pode ser necessário, mas isso deve ser exceção e não regra e claro, deve ser remunerado.

Devemos dizer não a atividades que fogem do que foi combinado ser realizado no contrato de trabalho, na contratação.

Devemos dizer não à salários que sabemos que estão muito abaixo do mercado.

Devemos dizer não a falta de respeito, de educação por parte de chefias e colegas.

Devemos dizer não a "favores" a serem feitos em finais de semana ou feriados, a não ser claro, que tenha sido de comum acordo na contratação.

Devemos dizer não a não valorização de nossa mão de obra.

O país precisa de trabalhadores, se todos se unirem e valorizarem a si mesmos, quem contrata não terá outra opção a não ser valorizar também.

Entendo que muitos têm medo de agirem assim, afinal, se não se submeterem a certas situações exploradoras, serão demitidos e não terão o que comer. Mas a construção desse valor não precisa ser radical, pode ser aos poucos, usando argumentos e conversas francas e respeitosas. Quando fazemos um bom trabalho e somos respeitosos com quem nos contrata, não há porque essa pessoa nos prejudicar e se assim fizer, saiba que está se livrando e não perdendo.

Precisamos perder esse medo de nos dar valor, precisamos perder esse medo de enfrentar, com respeito e conversas educadas, nossos superiores. Eles não são monstros, eles não são deuses que irão nos julgar e nos condenar pelo resto da vida, eles são seres humanos que testam seus funcionários até onde esses permitirem e da forma que permitirem. Ninguém pode destruir nossa autoestima, nossa vida, nossos sonhos se não dermos autorização.

O brasileiro precisa se valorizar mais, procurar menos brigas e mais entendimentos, precisa ver que numa entrevista de emprego não é apenas o contratante nos entrevistando, mas também nós que devemos entrevistar o contratante para saber sobre a empresa, o que ela nos oferece e como será nossa função. Precisamos também entrevistar quem nos contrata para saber se aquele lugar que estão nos oferecendo uma vaga de emprego é um lugar que se encaixa nos nossos requisitos de onde queremos trabalhar, pois não é apenas nós que devemos nos encaixar nos requisitos de uma vaga, esta mesma vaga precisa nos encaixar nos nossos requisitos de onde queremos passar horas e horas do nosso dia. Mas para quem não tem esses requisitos e qualquer coisa serve, bom, para esses qualquer exploração, qualquer salário, qualquer assédio também serve.

Nós temos o poder da valorização de nosso trabalho, de nossas vidas. Vamos cortar os laços com nossos antepassados que foram tão explorados, vamos honrar eles sim, vamos conservar a garra e demais valores positivos mas vamos deixar no passado o comportamento de serem explorados. Eles foram explorados, não tinham muitas escolhas, nós temos, nós não precisamos dessa exploração. Vamos entregar ao passado esse sentimento e vamos construir um novo legado, do respeito, da valorização de nossa mão de obra, vamos construir um novo passado para a futura geração.

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