Hoje resolvi dar uma sacudida e mexer com a estrutura da minha coluna, então não falarei de nenhum livro! A adaptação para as telonas será de uma música: Faroeste Caboclo. Conhecem?
“Não tinha medo o tal João de Santo Cristo, era o que todos diziam quando ele se perdeu,
Deixou pra trás todo marasmo da fazendo só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu...”
Para os mais jovens e amantes das músicas da moda, talvez eu esteja falando grego. Mas Faroeste é um marco, uma daquelas músicas que definem uma geração, composta por Renato Russo em 1979 e lançada por seu grupo Legião Urbana, fazendo parte do emblemático álbum Que País é Este.
A canção dura nove minutos e conta a história de um cara negro, pobre e revoltado, que escolheu a solidão como parceira. Acabou parando em Brasília, tentou ganhar a vida honestamente, foi seduzido pelo dinheiro fácil do tráfico, fez amigos da alta, caiu na cadeia, se apaixonou, quis mudar, foi corneado por um bandido, desejou vingança e morreu com sangue na garganta.
“Ele queria sair para ver o mar, e as coisas que ele via na televisão,
Juntou dinheiro para poder viajar, escolha própria escolheu a solidão.”
Pois é, nove minutos eletrizantes, um raio x de como as coisas funcionam no lado B da sociedade, motivo pelo qual essa música chegou a ser censurada em épocas mais repressoras. E foi assim que 33 anos depois de ter sido lançada e cantada por jovens e mais jovens nos anos 80 e 90, em 2012 ela virou um filme, e dos bons!
Ouvi alguns amigos fãs da banda, do Renato e da canção, falando supermal do filme dizendo que não foi fiel a história, mas sorry friends, eu discordo. Acho que as mudanças foram necessárias para dar mais consistência a obra. O próprio compositor admitiu em entrevistas que o roteiro da música tem furos e por mais que seja maravilhosa, nove minutos são poucos até para um curta-metragem, imaginem duas horas de película.
“E João aceitou sua proposta e num ônibus entrou pro Planalto Central,
Ele ficou bestificado com a cidade, saindo da rodoviária viu as luzes de natal.
Meu Deus, mas que cidade linda, no ano novo começo a trabalhar! Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro...”
Estrelado por Fabrício Boliveira e Ísis Valverde (sim a Global) o filme nos choca, nos afronta e nos surpreende, mesmo sendo conhecedores da letra da música e do desfecho. Dói, sempre senti que João de Santo Cristo merecia uma chance de redenção.
“O povo declarava que João de Santo Cristo era santo porque sabia morrer...”
Se você ainda não curte Legião Urbana, recomendo que pesquise, pois é uma das bandas que fizeram história em nossa pátria, deixaram marca em nossa cultura. E se você ainda não viu este filme, assista e veja o que uma música de qualidade pode fazer pelo cinema!
Despeço-me deixando uma frase do poeta Renato Russo:
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há”
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