Faroeste Caboclo

quarta-feira, 2 de abril de 2014


Hoje resolvi dar uma sacudida e mexer com a estrutura da minha coluna, então não falarei de nenhum livro! A adaptação para as telonas será de uma música: Faroeste Caboclo. Conhecem?
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo, era o que todos diziam quando ele se perdeu,


Deixou pra trás todo marasmo da fazendo só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu


Quando criança só pensava em ser bandido ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu...”


Para os mais jovens e amantes das músicas da moda, talvez eu esteja falando grego. Mas Faroeste é um marco, uma daquelas músicas que definem uma geração, composta por Renato Russo em 1979 e lançada por seu grupo Legião Urbana, fazendo parte do emblemático álbum Que País é Este.



A canção dura nove minutos e conta a história de um cara negro, pobre e revoltado, que escolheu a solidão como parceira. Acabou parando em Brasília, tentou ganhar a vida honestamente, foi seduzido pelo dinheiro fácil do tráfico, fez amigos da alta, caiu na cadeia, se apaixonou, quis mudar, foi corneado por um bandido, desejou vingança e morreu com sangue na garganta.


Ele queria sair para ver o mar, e as coisas que ele via na televisão,


Juntou dinheiro para poder viajar, escolha própria escolheu a solidão.”


Pois é, nove minutos eletrizantes, um raio x de como as coisas funcionam no lado B da sociedade, motivo pelo qual essa música chegou a ser censurada em épocas mais repressoras. E foi assim que 33 anos depois de ter sido lançada e cantada por jovens e mais jovens nos anos 80 e 90, em 2012 ela virou um filme, e dos bons!


Ouvi alguns amigos fãs da banda, do Renato e da canção, falando supermal do filme dizendo que não foi fiel a história, mas sorry friends, eu discordo. Acho que as mudanças foram necessárias para dar mais consistência a obra. O próprio compositor admitiu em entrevistas que o roteiro da música tem furos e por mais que seja maravilhosa, nove minutos são poucos até para um curta-metragem, imaginem duas horas de película.


E João aceitou sua proposta e num ônibus entrou pro Planalto Central,


Ele ficou bestificado com a cidade, saindo da rodoviária viu as luzes de natal.


Meu Deus, mas que cidade linda, no ano novo começo a trabalhar! Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro...”



Estrelado por Fabrício Boliveira e Ísis Valverde (sim a Global) o filme nos choca, nos afronta e nos surpreende, mesmo sendo conhecedores da letra da música e do desfecho. Dói, sempre senti que João de Santo Cristo merecia uma chance de redenção.


O povo declarava que João de Santo Cristo era santo porque sabia morrer...”


Se você ainda não curte Legião Urbana, recomendo que pesquise, pois é uma das bandas que fizeram história em nossa pátria, deixaram marca em nossa cultura. E se você ainda não viu este filme, assista e veja o que uma música de qualidade pode fazer pelo cinema!


Despeço-me deixando uma frase do poeta Renato Russo:


É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há”


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