Série: meus textos antigos #14 - Zumbis de Natal

domingo, 20 de outubro de 2019
Estou publicando textos meus escritos há algum tempo.  Hoje não necessariamente eu penso da mesma forma, ou tenho as mesmas opiniões, porém esses textos são marcas da minha evolução como pessoa. Esses textos foram publicados no blog Diário de Incentivo à Leitura. Esse texto especificamente foi publicado para o Natal de 2016.

Depois que postar todos eles, irei postar textos inéditos. Deixe seu comentário. Compartilhe. 



Todo ano é a mesma coisa: pessoas que reclamam da vida o ano inteiro chegam em Dezembro querendo saber apenas de comprar, comprar, comprar. Pouco dinheiro na carteira é desculpa para colocar tudo no cartão de crédito - método de comprar "no caderno" dos tempos modernos. 

Nos supermercados as pessoas compram mais do que vão comer, isso mesmo, exageram com as desculpas "miséria para mim não tem vez", "não economizo para comer", "prefiro que sobre do que falte", etc. Ok e para essas 3 desculpas faço as perguntas: miséria não tem vez...ok, mas esbanjamento tem?... tudo bem que não economizem para comer mas vocês, imagino, que consomem toda a comida comprada, correto?.... realmente em uma reunião de família ou com amigos é melhor sobrar do que faltar, até eu concordo mass o que sobra é aproveitado nos dias posteriores evitando assim a ida ao lixo do que poderia ser consumido certo?



Pais se preocupam mais em "entupir" os filhos com brinquedos...ops...hoje em dia não são mais brinquedos, entupir os filhos com Iphone, Smarthphone, Smart não sei mais o que... do que encher eles de carinho, de amor, de horas e horas de conversa sobre os valores da vida, sobre como é ser uma pessoa de caráter. Mas para que ensinar os filhos se a internet ensina tudo? Sim, ensina tudo e mais um pouco, ensina o bom e o ruim, ensina a serem adultos carentes de amor, jovens revoltados por falta de abraços e de um olhar para olhar entre pais e filhos. Adultos na noite de Natal enchem principalmente os mais novos da família com tudo o que eles pediram, ou melhor, com o que eles ordenaram ganhar e os deixam sozinhos sem ter a sensibilidade de sentar junto no chão mesmo e numa união de carinho e amor desvendar os novos "brinquedos". Adultos querem beber com os adultos (que muitas vezes a idade mental é equivalente à criança que está ao lado implorando atenção).  Adultos querem falar mal da vida de todos e principalmente dos chefes, querem desvendar os mistérios sobre "como a vizinha reformou a casa nesse ano de crise? da onde veio o dinheiro?", adultos querem passar mal de tanto comer e beber.

Pessoas em geral gastam o que não tem porque precisammmmmm comprar um presente para a amiga do trabalho, para a mãe, para o pai, para a avó, para o avô, para o primo, para o irmão, para o cachorro, para o papagaio, para o porteiro, para a conhecida da vizinha da prima que mora do outro lado da cidade , compram presentes mesmo não tendo o dinheiro para isso, mas para que serve o cartão de crédito? Presenteiam toda essa turma de pessoas mas que durante todo o ano não se preocuparam em mandar uma mensagem para elas perguntando como essas pessoas estão, as mensagens enviadas (não seremos injustos, mensagens são enviadas)  eram cópias de textos recebidos (tudo pelo Whatsap), textos, vídeos repassados para toda a lista de contatos sem a sensibilidade e educação de dar um bom dia, boa tarde, boa noite antes de enviar aquela imagem, aquele texto, aquele vídeo que se multiplica de maneira apavorante nos celulares do mundo inteiro. Para que saber se a outra pessoa precisa de ajuda em algo? Vaii que precise mesmo e ai quem perguntou vai ter que deixar seu Whatsap de lado para ajudar...que coisa, isso ninguém merece né? Óbvio que quando a situação inverte e é nós com o problema ai sim queremos e exigimos a ajuda de todos ao redor.  São os novos mantras dos tempos modernos: euuuuu quero, eu exijo, eu tenho direitos, eu necessito agora, eu não espero, eu tenho urgência, eu quero para agora nesse exato momento. 



Deixo claro que não condeno a troca de presentes, eu mesma adorooo mandar presentes surpresas para meus (minhas) amigos (as) que moram longe, adoro chegar em dias aleatórios do ano e dar um mimo para as pessoas que me fazem bem, massss eu não sacrifico meu dinheiro para essa convenção social. Quando não estou numa fase tão propícia financeiramente eu me dou o direito de apenas mandar uma mensagem personalizada, mensagem que eu escrevo pensando na pessoa que irá ler e por isso coloco particulares do ano que convivemos juntos.  O que eu acho condenável são as pessoas gastarem  O QUE NÃO TEM, colocarem em risco as finanças de suas casas, de suas vidas só porque no Natal todo mundo troca presentes. E se acontecer uma emergência na sua casa? Será que aquele dinheiro que você teimou em dizer que era preciso colocar no presente que deu para o conhecido do amigo do seu marido (por exemplo) não seria essencial agora? 


Vejo a maioria das pessoas como zumbis, sim, zumbis que fazem o que a "sociedade" manda, mas a "sociedade" é comandada pelas propagandas, pela televisão, pelo o que dita a mídia e hoje em dia a mídia virtual. Não vamos nos tornar zumbis de Natal, zumbis de consumismo sem freios!! Vamos acordar, vamos pensar sozinhos, vamos valorizar mais o abraço, o carinho, as horas de bate papo com quem amamos, vamos valorizar o simples!!! Quem disse que a simplicidade é ruim? Simplicidade é o que falta nas vidas vazias da maioria das pessoas!!! 

Precisamos respeitar nossos limites financeiros, emocionais e éticos!!  Se não temos dinheiro, vamos dar um cartão; se não gostamos de tal pessoa vamos nos limitar em dar um educado Feliz Natal ou Feliz Ano Novo; se não gostamos do Natal, se para nós não representa o que normalmente representa para as outras pessoas, vamos respeitar nossos valores e não vamos fingir sorriso amarelo em festinhas natalinas. Ninguém é obrigado a nada!! 

Sejamos verdadeiros conosco, sejamos únicos!!

Desejo a todos um acordar de pensamentos e de atitudes, desejo muitos abraços, desejo muito carinho, muitos sorrisos, muitas mãos unidas, muitos olhares de amor e de confiança, desejo que o coração de vocês tome conta do comportamento que terão.... desejo simplicidade.

Um comentário:

  1. O que eu mais admiro em você é que você personaliza tudo: cartinhas, mimos e mensagens. Tudo o que você envia é bem pensado no destinatário e na personalidade do amigo. Nós até podemos trocar vídeos e mensagens dessas de "correntes", mas sempre colocamos um recado embaixo do tipo: "tudo a ver com você" ou "lembrei de ti". Mais importante do que o preço do presente é a atenção na personalidade da pessoa. E isso vale para os filhos. Qual a personalidade da criança? Se meu filho ama a natureza, dar um bichinho de estimação não seria mais apropriado do que dar o tablet mais caro? Beijos.

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