Les Fleurs Du mal

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
                                 



       Les Fleurs Du Mal (As Flores Do Mal) é um livro de poemas escrito pelo poeta e crítico francês Charles Baudelaire e é considerado, na história da poesia, um marco da poesia moderna e simbolista. Os temas abordados pelo seus poemas são: a queda, a expulsão do paraíso, o amor, a morte, o erotismo, o exílio e o tédio. Os versos não se preocupam com discussões de teor político, narrativas, filosofias, ideais nobres ou lendas. Eles são densos e cheios de um fascínio (obscuro) e de um simbolismo sem pudor.
     Charles Baudelaire marcou as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolistas. A partir dele, originaram-se na França os poetas "malditos". Baudelaire inventou uma nova estratégia de linguagem, incorporando a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do Romantismo, o que foi a base para a criação da poesia moderna.
        A obra-prima do poeta é "As Flores Do Mal", cujos poemas são de 1841. Em sua época, Baudelaire foi julgado imoral e o livro levantou polêmica e despertou hostilidades na imprensa. Assim, o poeta e seu editor foram processados e, além de pagar multa, tiveram de reimprimir a obra e excluir alguns poemas da primeira edição.

                  

         
            Na edição de Martin Claret de 2011, há disponível aos leitores brasileiros a versão completa de As Flores Do Mal, com os poemas censurados e os incluídos posteriormente. A primorosa tradução é de  Mário Laranjeira, professor de literatura da Universidade de São Paulo (USP).
           A nova tradução de "Les Fleurs Du Mal" surgiu num momento único na história, tendo em vista que, em 2011, houve a comemoração dos 150 anos da segunda edição deste livro poético de Baudelaire, publicado primeiramente em 1857.
             A vida boêmia e as dificuldades financeiras não impediram Baudelaire de deixar seu rico legado na história da poesia e da literatura. Seus escritos de crítica de arte e crítica literária contribuíram decisivamente para o desenvolvimento do conceito de "modernidade", termo que foi, inclusive, inventado pelo poeta.

Confiram um dos poemas mais famosos de Baudelaire, "O Albatroz":

L' ALBATROS

Souvent, pour s'amuser, les hommes d'équipage
Prennent des albatros, vastes oiseaux des mers,
Qui suivent, indolents compagnons de voyage,
Le navire glissant sur les gouffres amers.

A peine les ont-ils déposés sur les planches,
Que ces rois de l'azur, maladroits et honteux,
Laissent piteusement leurs grandes ailes blanches
Comme des avirons traîner à côté d'eux.

Ce voyageur ailé, comme il est gauche et veule!
Lui, naguère si beau, qu'il est comique et laid!
L'un agace son bec avec un brûle-gueule,
L'autre mime, en boitant, l'infirme qui volait!

Le Poète est semblable au prince des nuées
Qui hante la tempête et se rit de l'archer;
Exilé sur le sol au milieu des huées,
Ses ailes de géant l'empêchent de marcher.


O ALBATROZ
Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.
(Tradução de Ivan Junqueira)

Ótimo fim de semana a todos!

Abraços,

Taty Casarino.
          

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